segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

A terrinha está na moda

A terrinha está na moda

Há meses que entre os meus amigos brasileiros – do Ceará a Santa Catarina, passando por Brasília – não se fala de outra coisa: são cada vez mais os “brazucas” que estão investindo no imobiliário em Portugal ou até mudando-se de malas e bagagens para viver na terrinha.
Tudo começou de forma discreta, há poucos anos atrás, quando o Brasil entrou em crise e recessão, mas aos poucos a tendência foi-se acentuando cada vez mais, atingindo agora talvez o seu ponto mais alto.


A febre abrange de simples famílias de classe média dos grandes centros urbanos do Brasil flagelados pela violência e pelo crime – em busca de maior qualidade de vida, tranquilidade e segurança para si e para os filhos – a altos executivos de grandes empresas desejosos de desfrutar da estabilidade do euro, garantindo o valor das suas poupanças em património que só tende a valorizar, e inclui ainda altos funcionários do Estado, juízes dos tribunais superiores, directores de media e jornalistas em fim de carreira à procura das facilidades e isenções tributárias concedidas no país aos aposentados estrangeiros dispostos a investir algum capital.
Os dados oficiais comprovam a magnitude do movimento – o Brasil (com 10%), é já hoje o primeiro país de fora da Europa em volume de investimento estrangeiro no imobiliário português, tendo ultrapassado a China (que passou de 13% para 7%), e vindo logo a seguir à França (25%) e ao Reino Unido (19%).
É até provável que o investimento brasileiro seja maior, mas não esteja totalmente contemplado nas estatísticas, uma vez que parte dele estará a ser concretizado por pessoas que adquiriram recentemente a nacionalidade portuguesa (um movimento crescente possibilitado pela nova lei, que concede, ainda que sob algumas condições, direito de cidadania aos netos de portugueses) ou tenham outra nacionalidade europeia.
Seja como for, uma coisa é certa – no Brasil, a terrinha está na moda. E agora não é só para casais de classe média irem de visita a Fátima pagar uma promessa, comer um pastel de Belém ou fazer compras no Corte Inglês, apenas de passagem rápida, no regresso de uma viagem à Europa.
É bastante mais do que isso – é investimento em imóveis e opção – ainda que temporária, ou dividida entre lá e cá – de novo lugar de residência, em busca de mais sossego e qualidade de vida.
O curioso é que as notícias que aqui dão conta desse movimento quase só refiram, para o explicar, o desequilíbrio das respectivas situações económicas e os atractivos de mercado que o justificam, quase nunca mencionando as afinidades históricas que ligam Portugal e Brasil. No máximo, menciona-se a comunidade da língua como factor que pode pesar na hora de decidir.

Um silêncio que fala

Esse silêncio é significativo e merece ser apontado, na medida em que ele traduz um certo estado de espírito em relação a Portugal, que vem pelo menos desde a independência do Brasil e foi sendo instituído (muitas vezes de forma até inconsciente) de maneira a consolidar, pela diferença e pelo afastamento, a própria identidade nacional.
Ao longo de praticamente um século – da independência à Semana de Arte Moderna de 1922 – diferentes situações de conflito contra o que restava dos interesses comerciais e financeiros portugueses no Brasil ou contra os novos imigrantes lusos que começaram a chegar ao país a partir de finais do século XIX acabaram por acentuar esse estranhamento.
A ponto de hoje, entre o comum dos brasileiros, muitas vezes sequer se relacionar a língua que se fala com o país que somos.
Daí que os media, ao falarem da onda de investimento do Brasil em Portugal o façam aqui de forma aparentemente neutra, limitando-se às “tecnicalities”, como se pouco ou nada houvesse na história que ligasse os dois países e só por acaso neles se falasse a mesma língua…
O desconhecimento, aliás, é mútuo, uma vez que os portugueses conhecem pouco da sua própria história no Brasil e da relação de muitos brasileiros ilustres com Portugal.
A diferença, porém, é muito grande: enquanto do lado português se olha para o Brasil como sendo, de alguma forma, a continuação de Portugal nos trópicos, do lado brasileiro o olhar é muito mais distanciado – como se Portugal fosse para o Brasil um país como qualquer outro, longe do “Portugal, meu avozinho”, de Manuel Bandeira.
A ironia da história é que, com esta onda de investimento em Portugal, muitos brasileiros estão agora a (re)descobrir, in loco, e pelas suas próprias mãos, as raízes comuns que subsistem para além de todas as diferenças que nos separam.
Porque, a verdade é esta: o Brasil é certamente menos português do que os portugueses imaginam, mas sem dúvida mais, muito mais, do que a generalidade dos brasileiros tende a admitir. Por isso, num certo sentido, aqueles que agora chegam à terrinha estão literalmente regressando a casa.
E aí, imagino que num belo fim de tarde – seja nas margens do Tejo ou do Douro, no Mondego, no Alentejo ou no Algarve – como no Fado Tropical de Chico Buarque e Ruy Guerra, tudo se misture:

Guitarras e sanfonas
Jasmins, coqueiros, fontes
Sardinhas, mandioca
Num suave azulejo
E o rio Amazonas
Que corre Trás-os-Montes
E numa pororoca
Deságua no Tejo… Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal…



quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Achado

Segundo nota publicada na edição 117 do Correio Mercantil, e Instructivo, Politico, Universal do dia 29 de abril de 1859, saiu do Porto do Rio de Janeiro no dia anterior, com destino a Campos, o vapor Ceres, de 182 toneladas, levando vários gêneros e passageiros, dentre os quais:

Eduardo Bello de Araujo e 1 escravo, José Joaquim Ferreira, sua mulher e 1 filho, José Antonio Teixeira, Belmiro José Ferreira, João Fernandes Pereira, Antonio Rodrigues Mutuca, Antonio Joaquim Ferreira da Annunciação, Alexandrino Telles de Menezes; os portuguezes Manoel Gonçalves Teixeira Bastos, José Antonio da Silva Pinto, Jacintho José da Silva, João Bernardo da Silva, Joaquim Pinto da Silva, Dr. José Pinto Rebello de Carvalho, Antonio José da Costa Braga, Manoel Velloso de Oliveira e João da Costa Moreira e 1 escravo; o preto forro Joaquim Antonio Pertininga e 2 escravos a entregar.

A imagem desse registro, que pode ser vista abaixo, está disponível na base de dados Hemeroteca Digital, mantido pela Biblioteca Nacional do Brasil.Correio Mercantil… 29/04/1859

Trata-se de um registro importante que até então não havia sido encontrado mesmo por genealogistas profissionais, aos quais solicitei informações sobre a chegada desse primo de minha trisavó paterna sobre quem tanto já escrevi aqui no blog.

A informação que José (1788-1870) teria falecido na cidade de Campos, no Império do Brasil, já era conhecida, porém não havia sido encontrado nenhum registro de sua chegada à cidade ou mesmo ao Brasil – tampouco o pedido de um passaporte em Portugal – entre as décadas de 1840 e 1860, segundo relatório preparado pelo genealogista contratado.

Ele pode ter chegado ao Brasil entre 1858 e 1859 e, ao que tudo indica, teria vindo só, pois não consta até o momento nenhuma informação a respeito da vinda de sua esposa Maria José Adelaide Ferreira Pinto ou da filha que teria tido com ela. Esse simples registro permite retomar a narrativa dos últimos anos de vida de José Pinto Rebello de Carvalho. Anos de muito sofrimento, segundo evidências indiretas já encontradas.

José de Araújo é linguista e genealogista amador.Genealogia Prática - Achado

Genealogia Prática - Achado

Segundo nota publicada na edição 117 do Correio Mercantil, e Instructivo, Politico, Universal do dia 29 de abril...

O que é a genealogia?

Vale a pena aprendermos um pouco mais sobre a ciência do "nascimento" , com a iniciativa que o 'famicity' e seu aplicativo, ajuda os interessados, a construir a história das famílias !

Qu'est-ce que la généalogie ?
Du grec "génos" et "logos", signifiant respectivement "naissance" et "science", on peut dire que la généalogie est la science de la naissance - un peu d'étymologie, ça fait pas de mal ! La généalogie est une pratique ayant pour but de rechercher ses ancêtres et les situer dans le temps de manière à en apprendre davantage sur son origine ethnique, sociale, géographique, ainsi que sur le mode de vie de ses ancêtres. Science annexe de l'histoire, elle peut-être réalisée par un généalogiste professionnel ou de manière personnelle.
Il existe différents types de généalogie : - la généalogie ascendante, qui a pour but de rechercher les ancêtres d'une personne
- la généalogie descendante, qui consiste à rechercher les descendants d'une personne
- la généalogie successorale, qui est pratiquée par des professionnels à la demande d’un notaire lors d’une succession
- la généalogie agnatique, qui s’intéresse uniquement à l'ascendance mâle d'une personne
- la généalogie cognatique, qui a pour but de rechercher les ascendants et descendants n'ayant pas le même nom
Avant de devenir le véritable phénomène de société qu'il est aujourd'hui, nous verrons que la généalogie fait partie des sciences les plus anciennes de l'histoire de l'humanité !

Histoire de la généalogie

La généalogie : de l’antiquité à la Révolution Française

famicity-histoire-genealogie

"Marcus, père d'Octavius, fils de Tullus, petit-fils de Maximus et arrière-petit-fils de Lucius", pouvons-nous lire sur une inscription romaine. Nous pouvons déceler dans chacune des grandes civilisations antiques un attachement particulier, parfois d'ordre divin, à la connaissance de leur filiation.
La Bible, et surtout la Genèse, apparaît comme un traité de généalogie descendante qui devait permettre de distinguer les tribus, définir leur hiérarchie mutuelle et montrer que les élus de Dieu descendent du premier homme créé par ce dernier. La mythologie grecque dessinait également la généalogie de ses dieux et de ses héros. Les civilisations arabes se représentent comme les descendants du prophète Mahomet et attachent également une grande importance à leur filiation : certains disent que leur particularité d'écrire de droite à gauche témoignerait de cette attitude tournée vers le passé. Enfin, il est important de noter le rapport cultuel qu'entretenaient les Chinois avec leurs ancêtres représentés par des tables funéraires, accueillant les offrandes de leurs descendants.
Le Moyen-âge s'intéressait à la généalogie pour des raisons strictement religieuses et pratiques : le droit canonique interdisant le mariage entre deux êtres liés par le même sang, il fallait pouvoir prouver la non consanguinité par un "tableau généalogique". Mais c'est surtout pendant la Renaissance que se développa la généalogie en tant que science et que le métier de "généalogiste" apparut. Cependant, en France, elle ne s'appliquait qu'aux nobles masculins car elle avait pour finalité de justifier certains titres de noblesse et s'octroyer les privilèges fiscaux, se transmettant seulement d'hommes à hommes.

La "généalogie nouvelle"

Après la Révolution Française, les hommes de la bourgeoisie naissante demandaient leur service aux pseudo-généalogistes afin de redorer leur lignée, discréditant ainsi la discipline. C'est à partir de la seconde moitié du XIXème siècle que la généalogie se détache du statut de "pseudo-science" qu'elle avait jusque-là pour atteindre celui de "science". Elle un objet : la filiation ; une méthode : analogue à celle de la recherche historique, qui consiste à étudier les documents du passé pour en tirer des hypothèses et des conclusions ; un but : établir une histoire à l'échelle familiale. Cependant, comment expliquer qu'elle soit devenue depuis quelques décennies aussi populaire et pratiquée par autant d'amateurs ?
Cet engouement pour la généalogie serait le fruit de plusieurs évènements historiques ayant engendrés la dispersion de très nombreuses familles, tels que les ères industrielles ou le "boom" économique des années 1960, et donc, d'un désir pour d'innombrables personnes de remonter aux sources et de retrouver leurs racines. Aujourd'hui, l'accès à de nombreux types de documents (états civils, livrets de famille etc.), les progrès de la génétique, l'apparition de la psychogénéalogie et les logiciels numériques spécialisés encouragent nombre de curieux à entamer des recherches généalogiques par eux-mêmes. Certains sondages montrent que 60% des français s'intéressent à leur généalogie, si bien qu'on ne saurait nier le phénomène de société qu'elle est devenue. Associations, revues spécialisées, guides, livres se sont multipliés pour aider l'homme contemporain soumis aux réalités migratoires et économiques à mieux se repérer.

Comment faire ses recherches généalogiques ?

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Par où commencer mes recherches en généalogie ? Pour orienter vos recherches, il est essentiel de répondre à la question suivante : Quelles sont les recherches que je souhaite mener ? Les recherches généalogiques peuvent être plus ou moins étendues : vous pouvez très bien rechercher toutes les personnes qui composent votre arbre généalogique, comme étudier qu'une seule branche de l'arbre. Dans ce cas, vous remontez tous les porteurs d'un même nom de famille, ce qui relève de la généalogie agnatique.
Dans le cas où il ne s'agirait d'étudier que les lignées féminines, on parlera de généalogie cognatique. Vous pouvez aller bien plus loin et par exemple étudier l'histoire d'un village en reconstituant toutes les familles grâce aux registres paroissiaux, états civils et actes notariés. S'il vous tarde de passer à l'action et rechercher vos ancêtres, vous pouvez lire ce petit guide qui liste tous les documents officiels et pièces essentielles pour une recherche généalogique ambitieuse.



História Geral de África

História Geral de África em 8 volumes grátis descarregáveis

Para quem se interessa por história e por África, esta monumental e recente História Geral de África, promovida pela UNESCO, parece dever ser uma referência.

Como estas ligações pela rede podem acabar a qualquer momento, sugiro que façam mesmo a descarga dos oito volumes para a vossa biblioteca virtual. Assim, ficam lá, à espera de leitura ou de consulta.

História Geral de África em 8 volumes grátis.

8 volumes: edição completa.

Brasília: UNESCO, Secad/MEC, UFSCar, 2010.

Resumo: Publicada em oito volumes, a coleção História Geral da África está agora também disponível em português. A edição completa da coleção já foi publicada em árabe, inglês e francês; e sua versão condensada está editada em inglês, francês e em várias outras línguas, incluindo hausa, peul e swahili. Um dos projetos editoriais mais importantes da UNESCO nos últimos trinta anos, a coleção História Geral da África é um grande marco no processo de reconhecimento do património cultural da África, pois ela permite compreender o desenvolvimento histórico dos povos africanos e sua relação com outras civilizações a partir de uma visão panorâmica, diacrónica e objetiva, obtida de dentro do continente. A coleção foi produzida por mais de 350 especialistas das mais variadas áreas do conhecimento, sob a direção de um Comitê Científico Internacional formado por 39 intelectuais, dos quais dois terços eram africanos.

Download gratuito(somente na versão em português):

Volume I: Metodologia e Pré-História da África (PDF, 8.8 Mb)
ISBN: 978-85-7652-123-5
Volume II: África Antiga (PDF, 11.5 Mb)
ISBN: 978-85-7652-124-2
Volume III: África do século VII ao XI (PDF, 9.6 Mb)
ISBN: 978-85-7652-125-9
Volume IV: África do século XII ao XVI (PDF, 9.3 Mb)
ISBN: 978-85-7652-126-6
Volume V: África do século XVI ao XVIII (PDF, 18.2 Mb)
ISBN: 978-85-7652-127-3
Volume VI: África do século XIX à década de 1880(PDF, 10.3 Mb)
ISBN: 978-85-7652-128-0
Volume VIII: África desde 1935 (9.9 Mb)
ISBN: 978-85-7652-130-3

sábado, 9 de dezembro de 2017

Kremlin - Conta uma história da globalização a partir de Portugal



Tesouros que contam a história do império português entre o século XVI e XVIII podem ser vistos em Moscovo.

É a primeira exposição que se faz na Rússia num dos grandes museus dedicada à história e cultura do primeiro império colonial da época moderna. 
O objetivo deles é esse e mostrar o controlo militar e político português, afirma António Filipe Pimentel, diretor do Museu Nacional de Arte Antiga, sobre a mostra dedicada aos tesouros portugueses dos séculos XVI a XVIII, que a partir de hoje se pode ver nos Museus do Kremlin, em Moscovo.

Focamo-nos na história e cultura de Portugal como um grande império colonial, com um papel crucial na história do mundo, explica Elena Gagarina, a diretora dos Museus do Kremlin, citada pela instituição, a propósito de Senhores do Oceano -Tesouros do Império Português do Século XVI ao XVIII. 
É inegável que a metrópole mudou a paisagem religiosa e cultural das colónias, mas é nosso objetivo demonstrar que o processo foi mútuo, acrescenta.
As Descobertas são uma idade de ouro para Lisboa, a cidade onde tudo se passa, onde confluem materiais exóticos e luxuosos, que vieram a fazer parte dos primeiros gabinetes de curiosidades da Europa, geralmente nas casas mais ricas e influentes. São eles o princípio dos tesouros das casas reais europeias. 
Alguns deles pertenciam, por exemplo, ao czares russos e terão destaque na exposição, detalha a instituição. Um desses objetos é um nautilus, do século XVII, de Goa.
A influência cultural é uma estrada de dois sentidos, defendem os Museus de Moscovo. A exposição demonstrará que peças criadas em diferentes continentes foram influenciadas por portugueses e europeus, mas não só. Combina-se a influência europeia com a Ásia, África e o Novo Mundo. Exemplos disso é a chamada arte exportada. Objetos de prata, madeira, marfim, bronze de diferentes geografias do império colonial para consumo na Europa. Alguns destes objetos demonstram ainda a emergência de motivos decorativos europeus no desenho tradicional fora da Europa. Veja-se, por exemplo, o biombo japonês datado do século XVII que pertence ao Museu Victoria & Albert, em Londres.
Os visitantes terão oportunidade de ver cerca de 140 obras primas de museus europeus e russos, que demonstram a magnificência da corte portuguesa durante a expansão global do império, diz a instituição, em comunicado, sobre a exposição, que pode ser vista até 25 de fevereiro no Palácio do Patriarcado.
O Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), constata Pimentel em declarações ao DN, é o principal emprestador nacional, dada o número de peças da época a que se dedica a exposição. Das 69 peças de Portugal que seguiram viagem para a capital russa, algumas classificadas de tesouros nacionais, 35 saíram das Janelas Verdes. Joias, marfins, ourivesaria, cerâmica, contadores, caixas, o retrato do vice-rei [da Índia] Afonso de Albuquerque, o [retrato] dito de Vasco da Gama e o retrato de uma senhora de vermelho. E, ainda, um fragmento de texto indiano que representa os portugueses no Índico.
À lista de empréstimos de Portugal soma-se um paramento chinês, um cofre de Namban, um relicário proveniente de Macau e peças da capela de São Roque, um biombo chinês e um colar e brincos da Casa-Museu Medeiros e Almeida, um globo do Palácio Nacional de Sintra e o Tratado de Tordesilhas, assinado em 1494 por Portugal e Espanha, que se encontra na Torre do Tombo. Há também peças do Museu Britânico e do Victoria & Albert, em Londres, do Hermitage, em S. Petersburgo, bem como peças das coleções dos czares, agora no acervos dos museus do Kremlin.
Ontem, em Moscovo, na inauguração da exposição, o ministro da Cultura afirmou que o Império Marítimo Português inaugurou a Era da Economia-Mundo e deu início à primeira etapa do que chamamos hoje Globalização.
Esta exposição não só mostra a construção do Império Marítimo Português e a sua importância para a História do Mundo como documenta extensamente o impacto da chegada dos portugueses, portadores de uma Cultura Europeia, contornando a África, às longínquas paragens da Índia, da China e do Japão ou do Brasil, e, principalmente, o diálogo cultural que se estabeleceu com as culturas locais através de magníficas obras de arte que espelham a riqueza do encontro de materiais, de técnicas e de temas em que se fundem e misturam conceitos ocidentais e das civilizações contactadas, afirmou Castro Mendes.
A exposição divide-se em duas secções. A primeira mostra a Cultura e História de Portugal, com o foco na corte, na Igreja, no poderio naval, exibindo retratos de exploradores que desempenharam um papel importante nos Descobrimentos. Há também peças do período manuelino - designado pelos russos como um estilo de arquitetura ornamental único de Portugal, combinando gótico, mourisco, renascentista e motivos exóticos influenciados pelas viagens marítimas.
Um segundo núcleo apresenta peças criadas em diferentes países sob a influência da cultura portuguesa. 

Com Lusa